Historia Sensorial Serviço Harmonização BJCP

Vienna Lager

O gostinho da Áustria no México

Origem:
Áustria

Data:
Século XIX

É curioso pensarmos em como um país menor que o estado de Santa Catarina, conseguiu ser o terceiro maior país consumidor de cerveja no mundo. Estamos, obviamente, falando da Áustria. Lá, cada pessoa consome em média 104 litros de cerveja ao ano. Bastante, não é? Sobretudo se pensarmos que a Áustria é 100 vezes menor do que nosso país, o gigante de dimensões continentais. A média brasileira é de 68 litros de cerveja por pessoa ao ano. Pouco mais da metade do que um austríaco bebe. As comparações podem ser infinitas se começarmos a medir um país com o outro. As cervejas que lá são produzidas, fazem parte do que se chama Escola Alemã de Cervejas, que contribui com rigor técnico, seriedade e o devido respeito que a produção de cerveja deve ter.

Neste lugar de tradição nasceu Anton Dreher. Filho de uma tradicional família cervejeira da Áustria, em 7 de maio de 1810 (mais de um século antes da Áustria ser incorporada à Alemanha, por Adolf Hitler, em 1938). Dreher era um sujeito tão importante para o universo cervejeiro que ficou conhecido pela alcunha de Beer King. O fundador das Cervejarias Dreher, em 1840, colocou-se em desafio. Queria combinar a crocância da cerveja de tipo Lager, que eram tão comuns na Áustria, com tons mais claros, típicos de cervejas da Inglaterra. O produto desta experiência ficou popularmente conhecido como a cerveja tipicamente vienense. O estilo, inicialmente, foi chamado de Lager de Schwechat (Schwechater Lagerbier), em homenagem à cidade onde Anton havia nascido. A cerveja de carbonatação média, leve cremosidade, levemente maltada e final seco fez tanto sucesso, no fim do século XIX, que logo perdeu o nome da cidade e passou a ser chamada de Wiener Legerbier, ou como nós chamamos: Vienna Lager.

Outra coisa que também acontecia no fim do século XIX, as Américas eram conhecidas como a terra das oportunidades. E assim como muitas pessoas, produtos e costumes vieram da Europa para cá, a Vienna Lager também veio. A cerveja de Anton Dreher atravessou o Atlântico com cervejeiros vindos da Alemanha. E o estilo caiu no gosto popular, já acostumado com cervejas de tipo Pilsen (que já haviam chegado aqui no processo de colonização das Américas). Apesar do estilo Vienna Lager encontrar-se extinto em sua terra de origem, o aristocrata austríaco-mexicano Santiago Graf é hoje referência em trazer este estilo cervejeiro ao Novo Mundo, sobretudo por popularizar o estilo no México. Hoje encontra-se com mais facilidade também nos EUA e na América do Sul.

Obviamente um estilo que sobreviveu tanto tempo, deve ter adquirido outras características com o passar dos anos, mas vamos sugerir o mesmo que de costume. Caso esteja com o exemplar do estilo, vamos ao ritual.

A aparência desta cerveja é de um âmbar quase chegando no cobre. Sempre brilhante e translúcida. Sua espuma costuma ser bem aparente, cremosa, branca, de boa formação e persistente.

O aroma não costuma ser muito impactante. Como já era de se esperar (por sua coloração acobreada por conta dos maltes um tanto tostados) temos aromas bem maltados remetendo ao processo de tosta. Provável que as notas aromáticas lembrem biscoito e casca de pão. Junto com o malte, os aromas de lúpulo tradicionalmente alemães (floral, levemente picante) podem aparecer.

Quando beber esta cerveja, você vai perceber que a principal característica dela é o maltado. As notas de tosta devem ser somente o suficiente para que não confiram caramelo à bebida. Biscoito e casca de pão acompanham o sabor. As características de lúpulo servirão somente para equilibrar o dulçor do malte com um leve amargor, o sabor floral não deve aparecer tanto. A carbonatação moderada vai conferir o que Dreher queria dizer sobre crocância. Seu corpo é médio-leve com final seco

Após beber esta cerveja o aftertaste remete às notas maltadas, ao amargor e floral do lúpulo. O final seco desta cerveja deixa o drinkability nas alturas.

COPO SUGERIDO:
Copo Lager e Taça ISO

TEMPERATURA IDEAL:
De 2 a 4°C

A temperatura correta para o serviço de uma Vienna Lager é de 2ºC a 4ºC. Ela deve ser super refrescante e a temperatura baixa vai contribuir para isso.

Como não há um copo de serviço específico para Vienna Lager. Sugerimos a velha e boa taça ISO, para degustação e avaliação sensorial, mas para consumo, cada cervejaria adota seu copo. Para o serviço de Lager é sugerido um copo Lager.

Copo Lager

É constantemente confundido com a Tulipa (embora em formato seja completamente diferente). Seu formato é feito para ressaltar a cor brilhante das cervejas da família Lager, e assemelha-se em formato com um Weizen glass, só que com capacidade volumétrica menor. Sua função é a mesma do Weizen glass. Fundo reto para promover o choque da bebida com o fundo do copo, corpo ondulado para proporcionar manutenção de colarinho e bocal fechado para melhor guardar os aromas no copo.

Taça ISO

É pequena, fácil de manusear, serve uma pouca quantidade de cerveja, mas entrega toda a percepção sensorial que uma cerveja precisa ter. Então, sirva entre 50 ml e 80 ml de cerveja nela e estude com afinco.

Batata frita

Amendoim

Camarão

e você conseguiu reconhecer os sabores desta cerveja, deve estar pensando em que pratos deve combiná-los para maximizar a experiência de beber uma bela Vienna Lager. Os parâmetros de harmonização são os mesmos de qualquer outra breja: Equilíbrio de forças, semelhança, contraste e complementação. Vamos então de um por um.

Equilíbrio de forças: Vienna Lager é uma cerveja super levinha e refrescante, um excelente exemplar das Lagers que tomam conta do paladar brasileiro, apesar de seu malte levemente tostado. Então dá pra harmonizar com mexilhões, camarões ou de repente uma salada caesar.

Por semelhança: podemos pensar em frango grelhado, que apresentará sabores mais tostados, uma empada recheada com bacalhau (assemelha-se com a massa e se equilibrará com o recheio), ou de repente cookies.

Por contraste: podemos pensar numa harmonização com batata frita, ou de repente pizza de muçarela com tomate e manjericão. O dulçor de malte vai se assemelhar com o dulçor da gordura e contrastar com o salgado desses pratos.

Por complementação: vamos pensar em um belíssimo prato de bacalhau à portuguesa. Com bacalhau dessalgado em lascas, batatas inglesas, cebolas, ovos cozidos e tudo isso temperado com salsa picada á gosto e azeite de oliva. Muita coisa, não é? Mas cada elemento contribuirá do seu jeito para a harmonização. As batatas vão se equilibrar com a leveza da cerveja assim como o bacalhau, além de contrastar o salgado do peixe com o dulçor da breja. A Vienna Lager, com sua carbonatação, vai limpar o paladar levando você num looping entre a próxima garfada e o próximo gole, além de seu lúpulo contribuir com o tempero do prato.

Vienna Lager

Impressão Geral: Uma Amber Lager de intensidade moderada com um malte suave, afável, com um amargor moderado e um final ainda relativamente seco. O sabor do malte é limpo, rico em notas de pão e levemente tostado, com uma impressão elegante derivada da base de maltes e do processo, sem emprego de adjuntos nem de maltes especiais (com exceção do Vienna).

Aroma: O malte moderadamente intenso confere notas aromáticas de tostado e de rico maltado. Perfil lager limpo. Aroma de lúpulo floral, condimentado, que pode ser baixo a nenhum. Um aroma significativo de caramelo ou tostado é inadequado.

Aparência: Cor âmbar avermelhado a cobre claro. Cristalina e brilhante. Espuma volumosa de tom marfim, persistente

Sabor: Suave e elegante complexidade de malte no início, com uma presença de amargor de lúpulo suficiente para proporcionar um final equilibrado. O sabor de malte tende a ter um perfil rico, com suave tostado, mas sem caramelo ou sabores tostados significativos. Final bastante seco, fresco, com malte intenso e amargor de lúpulo presente no retrogosto. Sabor de lúpulo floral, condimentado que pode ser baixo a nenhum. Perfil limpo de fermentação lager

Sensação de Boca: Corpo médio-leve a médio, com uma cremosidade suave. carbonatação moderada, macia.

Estatística Vital:
OG: 1048-1055
FG: 1010-1014
SRM: 9-15
IBU: 18-30
ABV: 4,7-5,5%