Uma visita a Abadia de Notre Dame d’Orval

Nós fomos conhecer de perto a Abadia de Notre Dame d’Orval, uma das mais famosas trapistas do mundo, Vem com a gente

Uma visita a Abadia de Notre Dame d’Orval

Para aqueles que não conhecem, cervejas trapistas são uma categoria, não um estilo específico, de cervejas produzidas por uma ordem religiosa, a Cistercienses Reformada da Estrita Observância (ou simplesmente, Ordem dos Trapistas). Em outros artigos já escrevi sobre um roteiro trapista cervejeiro belga, e falei que as cervejarias não são abertas à visitação pública, com uma única exceção: a Abadia de Notre Dame d’Orval. 

Localizada na cidade de Florenville, quase fronteira com a França. A Orval, sem dúvida, é uma das cervejas trapistas mais populares. Uma vez por ano, no mês de setembro, eles abrem as portas durante dois dias para os visitantes conhecerem o interior da cervejaria. A visita à cervejaria da Orval é totalmente gratuita, mas é necessário agendar pelo sitehttps://www.orval.be/en/ e procurar a aba “Open Door Days”. As visitas começam às 8h30 e finalizam às 16h. 

No dia anterior à visita dormimos no hotel da cervejaria Chimay (Auberge de Poteaupré), que fica cerca de 1h30 de carro da Abadia de Orval. Chegamos bem antes do horário previsto, e mesmo já tendo ido lá algumas vezes, a visão da abadia aparecendo logo após uma curva é extremamente imponente e sempre me impressiona. E aquele dia tinha um gosto especial, pois finalmente conheceríamos a cervejaria por dentro. 

De cara vimos que era um evento muito bem organizado e que seria incrível conhecer tudo da Orval por dentro. Fomos recebidos por um monge da Orval, o irmão Xavier (para quem acompanha o mundo Trapista, é o presidente da Associação Internacional Trapista), que nos deu as boas vindas, conferiu nossos nomes, entregou um abridor da Orval para cada, um livreto da abadia e um ticket para trocar por uma cerveja ao fim da visita. 

Ao entrarmos na cervejaria, já começamos pela sala de brassagem. Ali, as panelas antigas (não mais utilizadas) e as novas convivem lado a lado. Tive uma bela surpresa nessa parte, pois o cervejeiro da Orval estava na sala para receber os visitantes e tirar qualquer dúvida. Obviamente gastei um bom tempo com ele.


A visita é auto guiada, e você pode levar o tempo que quiser. Saindo da sala de brassagem seguimos para a sala de fermentação, maturação, linha de envase e refermentação na garrafa. Durante o percurso há placas em francês, holandês e inglês explicando as etapas, bem como há itens históricos contando a história da cervejaria, desde o surgimento até os dias atuais. Em todas as etapas também há trabalhadores da Orval para tirar dúvidas, mas a grande maioria (incluindo o cervejeiro) não fala inglês. 

Ao final do percurso há uma grande tenda com mesas. Nela você entrega seu ticket e recebe uma taça com Orval, acompanhada de uma porção de queijos, também da abadia. No local havia alguns monges vestidos com seus trajes típicos, todos muito dispostos a conversar com os visitantes. Afinal, é uma das raras oportunidades que eles podem ter contato com o mundo exterior. 

Apesar da visita à cervejaria ocorrer apenas dois dias no ano, as ruínas da antiga abadia são abertas o ano inteiro. É um belo passeio, e sem dúvida é uma das abadias trapistas com melhor estrutura para receber o público. 

Mas não para por aí, próximo à abadia há o café “A l’ange gardien” (O anjo guardião), onde podemos conhecer algo pouco conhecido para as pessoas, uma segunda receita de cerveja feita pela Orval, mas servida apenas no café. É a Petit Orval, ou Orval Vert, menos alcoólica (4,2%) e com um perfil diferente de lupulagem. 

Visitar uma abadia cervejeira é sempre uma experiência ímpar, e a Orval é uma das melhores experiências possíveis. Ficou curioso? As reservas para a visita de 2024 abrem no início de maio, mas corra, pois as vagas acabam rápido.

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