A cerveja Kvass e seus vários maltes
Você já ouviu falar da cerveja Kvass? Etilo comum na Rússia e outros países eslavos, tem como característica uso de diversos maltes e sabor suave e ácido.
Alguns grãos (como trigo e cevada) ou mesmo um pão escuro de centeio, mais a adição de açúcar, frutas da região e ervas. Tudo isso fermentado por algumas horas com fermento de pão. Está aí a receita de um tipo bem peculiar de cerveja, a Kvass.
Origem da cerveja Kvass
Kvass tem origem nos países de povos eslavos, como Rússia, Ucrânia e Polônia, onde é consumida há vários séculos. Os primeiros registros escritos da bebida são do ano de 996, no batismo de Vladimir o Grande. Mas já apareceram menções também nas obras de Dostoiévski (Os Irmãos Karamazov) e Tolstói (A Morte de Ivan Ilitch e Anna Karenina).
A acidez é a característica mais marcante e a adição de frutas tem o objetivo de tornar a bebida mais palatável. A graduação alcóolica é bem baixa, situando-se entre 1,5% e 2%.
Apesar de ainda ser muito popular em países como a Rússia, o Kvass não é tão conhecido na parte ocidental do planeta. Algumas cervejarias têm explorado o estilo, mas de maneira bem discreta. O site BeerAdvocate tem apenas 331 cervejas classificadas no estilo Kvass. Você acha que são muitas? Vamos comparar com outros estilos. Cervejas no estilo Witbier são 5399 e New England IPAs são quase 30 mil. Lembrando que a New England IPA foi criada há cerca de 20 anos.
A inovação e a criação de Kvass
A falta de padronização talvez seja o que mais prejudica a Kvass, pois como é produzida em regiões distintas os ingredientes vão mudando de acordo com a disponibilidade. No guia de estilos do Beer Judge Certification Program, a Kvass se encontra na categoria de cervejas históricas, tradicionais ou indígenas. Mesma categoria de outros estilos como Sahti e Grätzer.
Por outro lado, a falta de padronização proporciona inovações interessantes, como é o caso da cerveja Underground da Fonta Flora Brewery. Uma Kvass feita com pretzels (ao invés do pão de centeio), sal marinho e malte defumado. Para fermentar, usaram Brettanomyces, no lugar do fermento de pão, mas mantiveram a baixa graduação alcoólica, com 2,8% ABV. Uma das cervejas mais estranhas (no bom sentido) que eu já experimentei. Um sabor de pão de fermentação natural (sourdough) com uma pitada de sal. O malte defumado está lá, mas bem discreto.
Cervejaria Fonte Flora
A Fonta Flora é uma cervejaria pra lá de interessante. E eles não são novos por aqui. Anos atrás escrevi sobre a Supper Table, uma cerveja com batata doce, gengibre e canela, feita especialmente para o feriado de Thanksgiving (Ação de Graças).
A Underground é para um público amplo? Certeza que não, mas se você curte uma Sour Beer vale conferir. Nem que seja por curiosidade.
Cheers ;-)
Homebrewing – Dá pra fazer cerveja ácida em casa?
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