IPA, um amor à VIGÉSIMA vista

IPA, um amor à VIGÉSIMA vista
IPA é o estilo mais amado no mundo das cervejas artesanais. Só que, diferente da grande maioria das histórias que conhecemos, o amor pelo lúpulo não é à primeira vista. Pelo contrário. O primeiro contato com cervejas mais amargas costuma ser entristecedor e motivo certo para as mais diversas caretas. Já perdi as contas de quantas vezes tive que responder a pergunta "nossa, como é que você consegue gostar disso?". Antes era eu quem fazia essa pergunta. O motivo dessas caretas é que, como a IPA tem o lúpulo como grande protagonista, ela acaba sendo um estilo muito saboros e muito aromático, porém muito amargo. E esse amargor na maioria das vezes não é bem recebido pelo nosso corpo em uma primeira oportunidade. A pergunta que fica é: que bug é esse que acontece no nosso cérebro capaz de transformar uma experiência tão ruim em algo tão prazeroso com o passar do tempo? A explicação fica por conta do Dr. Nicole Garneau, um geneticista do Denver Museum of Nature & Science. Segundo ele, o paladar humano é um sensor que serve, entre outras coisas, para nos proteger de possíveis ameaças e nos estimular para o que o nosso corpo precisa. O sabor doce é reconhecido pelo cérebro como bom, pois o açúcar representa calorias que são necessárias para nos prover energia. Mas se o consumo de doce é excessivo, percebemos a entrada desse excesso não saudável de calorias. Logo, passamos a ver o doce como enjoativo. O sabor amargo, por sua vez, é uma bandeira vermelha para o cérebro. Por que? Porque o que está sendo consumindo pode estar envenenado e deve ser rejeitado. Por isso, que os primeiros contatos com sabores amargos geralmente tendem a ser desagradáveis. Isso acontece também quando passamos a beber café sem açúcar, ou comer chocolate 70%. Tudo que foge do docinho acaba incomodando no primeiro momento. Da mesma forma, também temos uma rejeição a alimentos azedos. O nosso cérebro acredita que podemos estar consumindo algo estragado e envia um estímulo negativo. Mas Garneau mostra que influências externas podem ensinar o cérebro a superar predileções e aversões genéticas. O que isso quer dizer? Que a exposição recorrente a alimentos amargos e azedos vai mostrar para o nosso cérebro que "não há o que temer". Segundo ele, podem ser necessárias até 20 "instâncias de exposição" para que o amargor deixe de incomodar e abra espaço para os sabores cítricos, tropicais, frutados, terrosos (entre outros) típicos de uma boa IPA (estilo em que o lúpulo é protagonista). Mas a partir daí, meu bro, é um caminho sem volta. ?? Você consegue se lembrar quantas IPAs bebeu fazendo careta até verdadeiramente passar a curtir? Deixa sua resposta nos comentários. Eu começo: comigo eu arriscaria dizer que foram umas 10. Abraço! Rique, fundador da Bro's Beer.

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